terça-feira, outubro 18, 2005

Jornal "O Record" Domingo 16 de Outubro 2005


Na altura que escrevo estas palavras, já o José Peseiro não é treinador do Sporting Clube de Portugal.
Como adepto leonino, quero agradecer aqui, e demonstrar a minha admiração e gratidão pelo trabalho desenvolvido em prol da familía leonina, apesar da sua conhecida preferência clubistíca. Desempenhou o papel de treinador com inegavél sentido da responsabiloidade e do dever, faltou-lhe um pouco mais de sorte...e de apoio da SAD Sportinguista, com ele sai tambem o administrador Paulo Andrade.
Desejo-te Zé, as mais sinceras felicidades na promissora carreira de treinador, e muitos êxitos virão de certeza, os desejos também que o trabalho continue depressa, não vão faltar concerteza clubes interessados nos teus serviços.
Como sportinguista o meu obrigado do fundo do coração...bem hajas...um grande abraço.

"O Coruchense" em 1935

"O Coruchense" em 1928

António Feliciano Branco Teixeira

Nasceu em Muge, após o falecimento de seu pai, Administrador da Casa de Cadaval, fixou-se em Coruche para melhor dirigir a propriedade que a família possuía na região de Canha.
Aqui viveu com a mãe e familiares, aqui casou e edificou a sua extensa actividade até aos últimos momentos da sua vida.
Grande Português, grande lavrador, grande benemérito, cujo lema era proteger os pobres.
A sua formação, o seu trabalho, o interesse pela região e pela terra Coruchense, elevou-o a Presidente da Santa Casa da Misericórdia, a Presidente da Câmara Municipal, a Procurador à Câmara Corporativa.
Amigo da justiça, não olhava a credos políticos.
Um padre que foi colocado em Coruche e que era avesso a tudo o que era liberal da esquerda, consegui que o democrata, Francisco Vicente Faria, fosse intimado a apresentar-se em Santarém, para prestar declarações e conseguiu que fossem passadas ordens de prisão para os republicanos mais em destaque.
António Teixeira logo que teve conhecimento do que se passava, vai a Santarém com o seu prestígio, consegue que essas ordens fossem anuladas.
Amigo de Coruche auxiliou-a sempre que pôde. Durante a 2ª Guerra Mundial, o pão e outros comestíveis eram racionados e distribuídos por senhas, António Teixeira conseguiu arranjar e pôr á disposição dos padeiros 1 000 sacas de farinha.
À sua porta não faltavam pedidos de sementes, adubos, madeira, numerário. A todos atendia moral e materialmente.
Foi fundador e tesoureiro da “Sopa dos Pobres”. Irmão da Misericórdia, doou o edifício onde esteve muitos anos instalado o Asilo. Foi Presidente da comissão municipal de assistência. Foi membro fundador da Cooperativa Transformadora de Produtos Agrícolas. Foi membro fundador da Comissão construtiva da Praça de Touros. Foi sócio fundador e vogal da Associação dos Regantes. Foi Presidente do Grémio da Lavoura, até ao fim da sua vida. Sócio nº 1 do Grupo Desportivo “O Coruchense” , ofereceu o terreno onde está hoje o Campo de Futebol (Horta da Nora) , exigindo apenas uma renda anual simbólica de 1$00.
Uma outra iniciativa de Feliciano Teixeira foi a transformação da adega que possuía na Rua de Santarém , no Café-Restaurante “O coruja”, que, com seus painéis de azulejos, retratando cenas da vida agrícola ribatejana, foi uma verdadeira sala de visitas, que recebeu locais e forasteiros.
Muitas vezes socorria pessoas, sem que lhe fosse preciso um pedido: bastava ele ter conhecimento da necessidade. É o caso de uma senhora que fizera uma promessa de uns litros de azeite , a Nossa Senhora do Castelo, para a lâmpada da capela. Os tempos eram maus e não havia dinheiro. Ao ter conhecimento do que se passava, mandou indagar...e ofereceu o azeite. E tratava-se de uma família de opinião política oposta.
Nunca se curvava, quando a razão e a verdade se impunham. A sua casa estava sempre ao dispor para tudo o que fosse lavoura, Coruche, desporto e assistência.
Fundou com Manuel Casimiro o jornal “Coruche Agrícola”, do qual foi seu director até falecer.
Em 1964 o poeta desta terra J.Galvão Balsa, publicou a sua obra poética: “Sol da Minha Várzea”, que dedicou:
“ A memória de António Feliciano Branco Teixeira, Senhor Lavrador Ribatejano,
que muito serviu e amou Coruche e os seus pobres”

E foi a este homem que derrubaram a estátua no dia 18 de Março de 1975, que os conterrâneos agradecidos lhe tinham erguido frente da sua Cooperativa, arrastando-a atada com cordas e cabos de aço, pelas ruas da Vila, que tanto amara...

O Povo tem a memória curta...Jesus disse na cruz “perdoai-lhe senhor que não sabem o que fazem”...
Fica aqui a minha singela homenagem ao homem que não tive o prazer de conhecer...!
Tive a infelicidade de assistir nesse dia negro da história de Coruche, ao vandalizar da sua estátua...está nítido na minha memória...!

Major Luis Alberto de Oliveira


Nasceu em Coruche em 1880. Entrou para a escola militar e, desde cedo mostrou ser um bom esgrimista, a tal ponto de ser chamado por D.Carlos, para dar lições de esgrima ao futuro D.Manuel II.
Em Dezembro de 1912, então tenente, foi destacado para Angola, lutando com bravura e tenacidade.
Em Fevereiro de 1917, já capitão, é enviado para França, incorporado no Corpo Expedicionário Português.
Voltando a Portugal por motivos de saúde, é nomeado por Sidónio Pais, governador civil de Coimbra, onde desenvolveu uma obra meritória em todos os campos.
Em 1932 é nomeado 1º comandante de Caçadores 5, cargo que ocupou até 1938, quando passou á reserva.
Entretanto em 1933 foi chamado para sobraçar a pasta do Ministério da Guerra.
Lutou muito pela construção das pontes rodoviárias (que ainda hoje servem a vila e a região) para acabar de vez com as pontes provisórias em madeira que as cheias destruíam e arrastavam, e acabar a travessia de pessoas e mercadorias em barcaças, sempre que as águas invadiam tudo. Consegui o que pretendia.
Em 16 de Agosto de 1930, era inaugurada a primeira a que deram o nome de Ponte General Teófilo da Trindade. Assistiu à inauguração o Presidente da República de então.
Em 1932, eram inauguradas as outras. Estava assim aberto o caminho seguro para as regiões do Sul, do leste e do nordeste.
A construção da pontes teve influência no assoreamento do leito do rio e na mudança do seu curso. Foi preciso proteger as casas ribeirinhas contra a corrente. Assim surgiu a avenida Marginal Luís de Camões e o belo Jardim.
Foi também devido à acção de Luís Alberto Oliveira que se montaram os telefones, se fizeram canalizações, para levar água aos domicílios e se iniciou a rede de esgotos.
A população reconhecida, ergueu-lhe mais tarde um vasto pedestal com o seu busto, em frente da Câmara Municipal, para o perpetuar, e deu o seu nome ao bairro das escolas.

O seu busto no dia 18 de Março de 1975, perante a passividade da maior parte dos Coruchenses foi arrancado e o pedestal destruído, foi gente “viera de fora” (toda a gente sabe que não era de fora, era do concelho) montada em camionetas e tractores, comandados por um alferes vindo de Vendas Novas, para destruírem tudo o que lembrasse o passado recente.

Ainda me lembro desse dia, apesar da minha tenra idade, um dia negro na história de Coruche…lembro-me como se fosse hoje…!
Que Deus lhes perdoe...!